Tratamento
Baseado em fators reais
São Paulo, 1942. Com apenas 13 anos, Agencio, um menino de 13 anos sobe ao ringue para desafiar e ganhar o título Brasileiro de Boxe. Apesar de muito menor, e muito mais novo que o oponente que tinha 19 anos, Agencio trabalha no abdomen do adversário duramente, nocauteando-o com facilidade.
Salvador, 1956. Algêncio de Almeida tem agora 24 anos. Ele está bêbado em um bar. Uma briga começa por causa de um mulata que estava dando bola pra ele. O marido da moça toma as dores e parte pra cima de Algencio. Com um soco Algencio derruba o homem que entra em coma. O marido morre no hospital. Algencio é condenado e perde 30 anos da sua vida na prisão.
54 anos atras, o som dos tambores coincidem com os que ouvimos no treino do atleta, mas agora ensurdecedores. Quando o som das batidas diminuem quase desaparecendo, se transformam em tambores de terreiro de umbanda.
1966. Salvador. A neblina cobre a paisagem de maneira sobrenatural. A lua brilha e os raios passam pela neblina como espadas de feixe de luz. Alem do som baixo de tambores batendo, o restante da cidade parace dormir como se não existisse viva alma naquele lugar. Ruas de paralelepípedo com casarões antigos. Uma mulher negra anda com passos decisivos mas fracos com uma criança de 1 ano de idade no côlo. O som dos tambores vai ficando mais forte. De longe ela avista uma luz em um pequeno edifício. É de lá que vem os tambores. Ela apressa o passo.
Quando ela vai chegando mais perto do templo, percebe que de uma casa o som do radio se mistura com os tambores. Ela para e ouve. Agora vemos o rosto dela. Ela é a avó de Joca. Rosto marcado mas de guerreira. O narrador esportivo transmitindo com emoção a luta de Eder Jofre pelo título mundial de boxe daquele ano. Ele perde o título em meio a reações dramáticas de público e da equipe técnica do lutador Brasileiro. O narrador critica dramáticamente a definição dos juizes. A mulher continua andando e finalmente entra no terreiro de candomblé. A fumaça dentro é tão forte que dá impressão que é de lá que veio a neblina que existia nas ruas. Tambores explodem num ritmo forte cores e cheiros se misturam. O efeito é quase psicodélico. Quando começa a enxergar atraves da fumaça ela vê pessoas dançando em volta do orixá. Ele a vê e faz um sinal pra que se aproxime.
O Orixá pede para a avó que lhe de o menino.
Ela sem pensar entrega o neto. O Orixa olha bem para a criança e começa a conversar com ela como se ela já fosse adulta. Diz que ela vai lutar muito na vida, que vai ser duro, mas que ele, o Orixá vai sempre estar por perto para protege-lo e guia-lo. E que vai escolher um grande mestre pra ensinar o que o menino precisa.
Santo Andre, SP 1974. Numa manhã chuvosa Joca, com 9 anos é parado na saída da escola por um garoto muito maior que ele. Ele já sabe da fama do garoto em bulir os meninos da escola. Ele já chega provocando Joca querendo briga. Outros garotos da escola correm para assistir e incitar o bullying. Vendo que não tem escapatoria, Joca espera o grandão atacar. Quando o garoto ataca Joca se esquiva rapidamente e o garoto passa descontrolado levando uma rasteira. Uma vez no chão Joca pula nas costas do garoto e crava os dentes nas costas dele, o garoto tenta tirar e Joca morde o braço. A mordida é tão forte que o garoto começa a chorar de dor. Logo a diretora é chamada pra socorrer pois Joca não deixa o braço do garoto de jeito nenhum. Eles puxam, empurram gritam com ele mas os dentes de Joca continuam cravados no menino. Quase uma hora mais tarde quando trazem a avó de Joca que ele deixa o braço do garoto livre.
Indo agora em direção a sua casa, a avó, brava, conversa com Joca. A avó pergunta a ele o que que ela pode fazer para po-lo no caminho certo. Ela diz que se preocupa que ele volte qualquer dia pra casa todo em pedacinhos. E que ela não iria suportar. Que ele precisa prometer melhorar o genio, chamando-o de “Menino maluco danado!” Ela o lembra da sorte que ele tem de que não foi seu pai chamado aqui na escola. E depois de muito andar vira pra ele e diz que vai procurar uma academia de defesa pessoal pra ele. Mas então ela sorrindo pra ele, amolece. E apressa o passa para não ter que esquentar novamente o almoço.
Na mesma semana ela já esta matriculando Joca na academia de kung-fu do bairro. Era a única academia de artes marciais na vizinhança.
Apesar de sua Avó dar-lhe dinheiro para a academia, logo o valor não é mais o suficiente. Joca começa a limpar a academia para continuar treinando.
O acordo foi tambem que Joca ajudasse na limpeza da academia para dar valor ao trabalho e ao treinamento. Ele se dedica seriamente.
A persistencia e determinação do menino é tamanha que ele começa a ganhar todos os campeonatos que entra. Se tornando campeão sulamericano na sua categoria aos 12 anos em 1977.
São Paulo, 2015. Num interior de estadio, o tri-campeão mundial de Kickboxing Joca Soares esta se preparando para voltar aos ringues depois de 20 anos de ausência. Ele tem 54 anos e seu treinador apara nas mãos os socos de Joca. As batidas do tambor do Olodum coincidem com os socos do atleta. Parece que pertencem um ao outro.
São Paulo, 1990 a mesma cena se repete. Joca vinte cinco anos mais novo, treina com Paulo Zorello, seu treinador e campeão mundial peso pesado de kickboxing. Eles repetem os mesmos movimentos como se fosse uma coreografia enquanto se aquecem para a luta.
Salvador 1980, Joca conhece Ana, a filha de um político local. Ele se apaixona pena garota. Mas o pai da moça da uma bronca quando ele tenta conversar com ela na saída do colégio.
Salvador 1986, Joca está entrando em casa, com o jornal na mão e uma notícia que chama sua atenção. Depois de 30 anos de prisão, o campeão brasileiro de boxe Algencio de Almeida vai ser solto.
Joca entra em casa e começa a escrever uma carta para Algencio onde diz que vai estar na saída da prisão esperando o campeão, e se ele não tiver para onde ir, que pode vir para sua casa. Ela explica na carta que é lutador de kung fu, e que ganhou varios títulos, mas que tem esperança de aprender a arte do boxe com o velho mestre.
No dia que Ana marca o encontro com Joca ele lembra que é o dia de buscar Algencio.
Quando Algencio sai da prisão Joca esta lá esperando. Mas não é o campeão que Joca estava pensando em reconhecer. Algencio está acabado psicologicamente e com a saude muito comprometida. Joca o leva pra casa e começa a tratar dele. Algum tempo depois Algencio começa a ensinar o que sabe para Joca.
Salvador, 1987. Joca esta se preparando psicologicamente no vestiário, para enfrentar seu primeiro oponente no boxe.
Mas quando no ringue, ele começa a levar uma surra homerica. O médico tenta terminar a luta, mas Algencio ameaça o juiz que não pensa duas vezes antes de mandar continuar a luta.
Joca esta levando uma surra intensa. Seu rosto esta todo inchado. Seus olhos parecem duas beterrabas com um risco horizontal no meio. Joca luta até o fim, perde por pontos e perde também o baço, quase ficando cego de um olho.
10 meses são necessarios para que Joca se recupere e volte aos ringues. O mestre Algencio esta a cada minuto do lado de Joca na recuperação e motivação. Nesta recuperação ele tem tempo para começar o romance com Ana.
Joca agora tem a proteção de Leão, o jovem político que ve Joca como um filho. Mas o pai da moça ainda é um perigo constante.
Buenos Aires, Argentina. 1989, Algencio não deixa Joca experimentar nenhuma comida antes que ele prove primeiro (Lembrança de passagens na prisão). A preocupação e dedicação com o pugilista fica perto da de pai. Ele controla com mãos de ferro seu pupílo.
Joca e Algencio viajam para Argentina, e estão agora na competição pelo título sulamericano. Uma competição entre 2800 atletas.
Joca não esta preocupado em ganhar o título. Ele esta lá para vencer a si mesmo. Faz parte da sua recuperação mental.
Joca esta na final com o adversário argentino. No fim do primeiro assalto ele pergunta pra Algencio se pode derrubar o oponente.
Algencio responde sorridente que a luta é dele e que ele ensinou tudo que podia a Joca. Agora era com ele apenas.
Joca volta para o segundo assalto e nocauteia o argentino em 5 segundos.
Agora é hora de voltar para o Brasil, mas Algencio revela para Joca que é hora de de Joca procurar um novo mestre. Ele diz que ensinou tudo o que sabe e que Joca precisa aprender novos segredos com um novo professor. Ele esta pronto para seguir adiante.
Salvador, 1988. Joca procura o telefone de Paulo Zorello. Campeão mundial de Kickboxing depois de ve-lo na TV. Ele disca e pede para falar com o mestre Zorello.
Brasilia, 1990. Joca entra no Ginasio. Ele foi para Brasilia a convite de Tessa (ou testa? Checar). O outro convidado era o campeão mundial de Full Contact Paulo Zorello. Zorello esta lá detonando com as canelas uma pilha de pneus de caminhão no canto do ginasio. Joca viu lutas do campeão e vem conversar com ele. Finalmente teve a chance de falar pessoalmente com o campeão.
Zorello sorri amigavelmente.
Neste mesmo ano Joca começa a treinar com Zorello. Os dois tem o mesmo background no kung-fu, na mesma modalidade. Zorello ve Joca como um irmão de artes marciais e decide treina-lo.
Eles vão direto para o campeonato brasileiro. Em menos de um ano Joca se torna o campeão brasileiro de kickboxing.
Em 1992, Joca surpreende se tornando o campeão Sul-americano.
Então começam um trabalho arduo, lutando em vários países, criando nome para Joca.
Todas essas viagens o separa de Ana.
Em 1997 ele conquista o título de campeão intercontinental. Agora estava perto. Joca apesar de magro e era o mais duro adversário que estes lutadores enfrentaram. Isto os pegava de surpresa. Joca se aproveitava disto com sabedoria.
PARIS 1998.- No Ginasio, Joca e Zorello estão juntos com o juiz que pesa Joca e diz que Joca precisa perder 2 kilos e oitocentas. Zorello se irrita dizendo que a categoria é 57 quilos. O Juiz ironico retruca que eles mudaram para 54,200 e que se em dois dias não dessem o peso, eles não pagariam as despesas.
Joca quase desiste, mas quando Zorello finge que estava desistindo, Joca enfurecido aposta que vai tirar o kilos no prazo estabelecido.
Dois dias depois, no mesmo ginasio Joca sobe na balança, ele não comeu nada desde que chegaram em Paris. As olheiras estão profundas.
O juiz sorri e acena concordando. Zorello abraça Joca.
Na noite da luta, o ginasio esta cheio. Luzes ofuscam os olhos de Joca. Ele sobe no ring e não esta enchergando o adversário muito bem. Magro, com fome, sentindo-se fraco.
A luta começa. Joca perde por pontos.
1999.Mas um ano depois, o inevitável acontece. Joca se torna pela primeira vez o campeão mundial de Kickboxing.
Apesar de tamanho feito, a divulgação não foi suficiente no Brasil.
O kickboxing não era ainda uma luta aclamada no Brazil pela midia. Joca teve mais apoio com as lutas no boxe do que com o campeonato mundial de kickboxing.
Mas mesmo assim ele e o seu mestre não se desiludiram. Partiram para a defesa do título.
Em 2000 Joca se torna bi-campeão mundial da modalidade.
Escrevendo para sempre seu nome no esporte mundial!
Salvador, 2015. O som dos tambores do Olodum se ouvem na noite. No meio da neblina a mesma cena do início do filme. Mas agora não é a avó de Joca quem surge da neblina da noite. Joca vem caminhando pra luz com seus cinturões de campeão no ombro.